O Globo - 24/09/2009
LONDRES - Um inglês que caçava objetos antigos no campo usando um detector de metais encontrou o que especialistas dizem ser a maior coleção de ouro anglo-saxão já descoberta na Grã-Bretanha.
São 1.500 peças em ouro e prata, a maioria delas artefatos de guerra adornados com pedras preciosas, que os especialistas acreditam datar do século 7.
O tesouro foi encontrado em julho, em uma fazenda no condado de Staffordshire, no oeste da Inglaterra, pelo inglês Terry Herbert.
O achado deve ser assunto de décadas de debates entre arqueólogos e historiadores.
- Isto vai alterar nossa percepção da Inglaterra anglo-saxã - disse a especialista Leslie Webster, ex-funcionária do Departamento de Pré-História e Europa do Museu Britânico.
As peças estão sob a guarda do Birmingham Museum and Art Gallery, na cidade inglesa de Birmingham.
Uma seleção com alguns dos objetos mais importantes vai ficar em exposição no Birmingham Museum entre o dia 25 de setembro até o dia 13 de outubro.
Depois da exposição, a coleção segue para o Museu Britânico para ser avaliada por especialistas, um processo que pode demorar mais de um ano.
Drama
Em termos de quantidade, a descoberta é sem precedentes - cerca de cinco kg de ouro e 2,5 kg de prata.
É impossível, no momento, saber ao certo a história do tesouro. Os especialistas suspeitam, no entanto, de que a história esteja repleta de drama e, possivelmente, sangue.
O arqueólogo Kevin Leahy, responsável por catalogar o material, disse que a qualidade das peças indica que teriam pertencido à realeza anglo-saxã.
São centenas de objetos, entre eles, peças usadas para adornar espadas e fragmentos de elmos (capacetes de armaduras medievais).
O tesouro inclui também três cruzes e uma placa de ouro trazendo uma inscrição bíblica.
- Parece uma coleção de troféus, mas é impossível saber se o tesouro resulta de saques feitos após uma única batalha ou se foi acumulado ao longo de uma longa e bem-sucedida carreira militar - disse Leahy.
- Não sabemos como (o tesouro) acabou sendo enterrado naquele campo, talvez tenha sido um tributo aos deuses pagãos - especula o arqueólogo - Ou talvez tenha sido escondido por conta de uma ameaça muito real.
Para Leahy, a terrível ameaça que levou alguém a enterrar o tesouro provavelmente se concretizou, já que as peças nunca foram desenterradas.
- Quando fizermos mais estudos sobre o material, poderemos dizer mais - disse.
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