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UNIBAN EXPULSA UNIVERSITÁRIA POR MEIO DE ANÚNCIO EM JORNAL

Em mais um exemplo de discriminação contra as mulheres no Brasil, a Uniban expulsou hoje, num domingo, por meio de anúncio publicado nos jornais paulistas, a universitária que foi constrangida moralmente por cerca de setecentos alunos apenas porque usava um vestido considerado pequeno demais.
O conservadorismo, a hipocrisia, o oportunismo e o cerceamento da democracia e das liberdades individuais demonstram-se, mais uma vez, continuarem muito bem representados no ambiente universitário deste país, fazendo a cabeça de estudantes, professores e gestores universitários.
De vítima, a aluna passou a acusada. Nem sequer teve a dignidade de ser informada pessoalmente da expulsão. Teve sua pena de linchamento moral anunciada nos maiores jornais do país e no dia de maior tiragem, agravando a agressão que já sofrera.
Segundo o anúncio veiculado pela universidade "a educação se faz com atitude e não com complacência", uma vez que houve "flagrante desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade" por parte da aluna que "mostrou um comportamento instável, que oscilava entre a euforia e o desinteresse".
Grande atitude a da universidade, uma vez que ganhará grande repercussão o seu zelo pelos bons costumes e pelo respeito à opinião da maioria autoritária e fascista dos estudantes daquela instituição.
Estranhamente esse mesmo repúdio não é explicitado em relação aos alunos homens que em qualquer universidade deixam aparecer as cuecas ou retiram a camisa ou utilizam calças propositalmente rasgadas.
Mesmo a UNE nada fala em termos de responsabilizar penal e financeiramente a Uniban, limitando-se a condenar o fato e se dizer disposta a buscar colocação para a universitária em outra instituição de ensino.
A autonomia da mulher em relação ao seu corpo, seja no caso da vestimenta ou no caso do aborto é ainda uma conquista social a ser disputada em nossa sociedade, uma sociedade hipócrita que não aceita a diferença e que ainda não suporta enxergar mulheres conscientes de sua sexualidade, que não aceita mulheres inteligentes disputando cargos com os homens e que deixa de notar que as mulheres, de modo geral, exibem as melhores notas em todos os cursos em que tem presença mais ampla.
Todas as mulheres, mesmo aquelas que não usem os vestidos curtos e cor de rosa da universitária expulsa, devem acordar para o fato que é preciso marcar posição e se fazer notar, uma vez que a próxima vítima é provavelmente aquela que não conta com o respaldo da maioria.
Segue o link para as notícias publicadas sobre o assunto no jornal O Globo e na Folha de São Paulo.

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