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THE WORLD AMERICA MADE


Amigos,

Um livro de História está no centro do debate presidencial estadunidense: 'The World America Made', lançado este ano por Robert Kagan, têm sido citado tanto por Barack Obama, candidato democrata, quanto por Mitt Romney, candidato republicano.

O que causou esta rara convergência em tempos de eleição é que o livro defende a tese de que o declínio estadunidense é apenas uma invenção dos seus adversários e, mais ainda, explica que "as mais importantes características do mundo de hoje - a expansão da democracia, a prosperidade, a paz prolongada entre os grandes poderes mundiais - têm dependido direta ou indiretamente do poder e da influência exercidos pelos Estados Unidos" e sugere que, "quando o poder estadunidense declinar, as instituições e normas suportadas pelo poder dos Estados Unidos irão declinar também".

Ou seja, Robert Kaplan tem certeza que o declínio estadunidense é um mito, mas, por via das dúvidas, é melhor que todo o mundo torça pelo time vermelho, branco e azul. Bingo!

Apesar de o livro ter sido espicaçado pelos críticos (o New York Times classificou-o enquanto vago, repleto de obviedades, com argumentações tortuosas e confusas), isto parece não impressionar os políticos estadunidenses, que tem feito o possível para convencer os seus eleitores da importância dessas ideias.

O problema é que esse esforço está centrado na demonstração retórica de que os Estados Unidos não têm nenhum rival a sua altura tanto do ponto de vista militar e econômico quanto da sua influência política. Além de chauvinista e quase-imperialista, essa retórica exclui a importância que é atribuída, por exemplo, ao países em ascensão, dentre eles o Brasil, citado nominalmente numa análise da desimportância de sua transformação. Barbas de molho Itamaraty!

Outro ponto: a China é apontada diretamente como o rival estadunidense. Percebam que facilmente o exercício retórico de Kaplan pode ser retornado para o discurso da Guerra Fria, com a eleição de um adversário não apenas político, mas também civilizacional. Ocidente x Oriente, Bem x Mal, um raciocínio pouco sofisticado, mas que é capaz de colar que nem música sertaneja.

Ao final de tudo, diz Robert Kaplan, "Preservar a ordem do mundo atual depende requer a constante liderança estadunidense e o constante envolvimento estadunidense", "A decisão está nas mãos dos estadunidenses. Declínio é uma escolha [...] Impérios [sic] e grandes poderes nascem e morrem, a única questão é quando."

Tradução para o nosso idioma, peles vermelhas - em lugar de um desalojamento das posições estadunidenses, esperem um intervencionismo cada vez maior. Em vez do alívio das pressões ideológicas, esperem pelo seu acirramento.


P.S. Coloquei em nosso sítio o artigo 'Not Fade Away: The Myth of American Decline' [CLIQUE AQUI] de Robert Kaplan, um resumo do livro 'The World America Made', que foi publicado na prestigiosa 'The New Republic' (aqueles que tiverem problemas com o idioma podem ter uma ideia do conteúdo através do recurso do Google Tradutor, disponível em nossa página).

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FONTES:

"Obama embraces Romney advisor's theory on 'The Myth of American Decline'" - The Cable, Foreign Policy, 26/01/2012.
"Historian Who Influences Both Obama and Romney ‘The World America Made,’ by Robert Kagan" - The New York Times, 13/02/2012
'Not Fade Away - The myth of American decline.' - The New Republic, 11/01/2012.

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