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Sobre o comercial da Comunidade Européia que foi retirado do ar

Amigos,

O sítio da revista Times de 7 de março exibe uma peça publicitária encomendada pela Comunidade Europeia para ser exibida nas televisões daquele continente, mas que foi retirada do ar por conta das muitas críticas recebidas.

O comercial, que era destinado a elevar o apoio da população à ideia da Comunidade custou 167 mil dólares e foi produzido por Stefano Sannino e seu enredo é, no mínimo, de mau gosto.

Uma mulher branca, magra, caminha no que parece ser uma estação de trem, escura e deserta. Do nada, surge um chinês, experimentando posturas de arte marcial. Depois, aparece um indiano com uma espada, que exibe para a mesma mulher. Finalmente, arrombando uma porta, adentra um brasileiro, com malabarismos de capoeira.

A mulher olha para os três indivíduos e, como num passe de mágica, multiplica-se em doze, cercando os estrangeiros. Ultrapassados em número, o chinês, o indiano e o brasileiro se submetem às doze mulheres, sentam-se no chão e desaparecem. Após isto, as doze mulheres se transformam em doze estrelas, que por sua vez desenham a bandeira da Comunidade Europeia. Termina com a seguinte frase: "Quantos mais nós somos, mais fortes nós somos" [The more we are, the stronger we are].

Não bastasse a sugestão de crime sexual, fica clara a mensagem de que o brasileiro, o indiano e o chinês são inimigos da Comunidade, e que estes somente serão vencidos com a manutenção da unidade européia.

Questionado, Stefano Sannino disse, em nome da Comunidade Européia, que o comercial visava atingir uma audiência jovem (16 a 24 anos) que entende os temas das artes marciais e dos vídeos games. Não existia a intenção de racismo.

Acho que para um Continente que viveu a experiência do Nazismo, que exportou o Imperialismo, que é pródigo em demonstrações contra visitantes e emigrantes, é completamente irresponsável exibir tal retórica.

Mais do que isso, acredito que se a Comunidade Europeia é comandada por indivíduos com a capacidade de gastar dinheiro público para patrocinar uma excrescência desse nível e fazer reparos piores ainda é porque estes estão em sintonia com o imaginário de boa parte de sua população. Penso que não se precisa dizer mais nada sobre as tensões que esperam o mundo: mais do velho para temperar o novo.

Clique abaixo para ver o vídeo:

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