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Sobre o Heavy Metal Indiano

Amigos,

Um artigo do New York Times de hoje (11/04/2012) chama a atenção para a força na Índia de um estilo musical do Ocidente, o Heavy Metal. Segundo o jornalista Michael Edison Hayden, a primeira fase do Heavy Metal indiano teria começado ainda na década de 1980, no sul da Índia, a partir da influência da banda inglesa Iron Maiden, período este que culminaria em 1989 com um evento que reuniria os vários grupos de Heavy Metal locais num cover do show ‘Live After Death’ (veja cartaz abaixo).

Pouco mais de vinte anos depois, em 2011, a banda Mettalica conseguiria reunir 40.000 fãs em seu concerto na cidade de Bangalore, afirmando um estilo de música e um movimento que é, a primeira vista, extremamente divergente da cultura indiana tradicional e que, segundo Hayden, estaria agora alicerçado na classe média alta Indiana, ao contrário de sua contraparte estadunidense, centrada no operariado.

O New York Times salientaria ainda que um dos expoentes dessa nova fase do Heavy Metal indiano, a banda Demonic Ressurection, de Mumbai, cruzou as barreiras nacionais, tendo recebido em 2010 o prêmio ‘Golden God’ da revista Metal Hammer na categoria ‘Global Metal’ por seu álbum The Return to Darkness (2010), depois distribuído nos Estados Unidos e na Inglaterra.

Clique na capa do disco para assistir ‘The Unrelenting Surge Of Vengeance’

O interessante é notar, que ao contrário do que o New York Times aponta, a tradução do Heavy Metal para o outro lado do mundo não se faz sem tensões em relação à matriz cultural. Embora bandas como a Demonic Ressurection trabalhem com temas próximos aos da cena ocidental, outras, como a Kryptos, cruzam ´s vezes essa herança e a preferência por eventos históricos e mitos antigos para trabalhar com temas que raramente seriam pensados no Ocidente, como serve de exemplo o recente álbum The Coils of Apollyon (2012).

Na capa deste álbum, desenhada pelo estadunidense Mark Riddick, parece que o espírito da tradução indiana do Heavy Metal se incorpora aos temas ocidentais, produzindo um híbrido que se volta contra as origens: ao lado de músicas como ‘The Mask of Anubis’, onde se explora o mito do deus egípcio da mumificação e do além-vida, O Kryptos junta composições como ‘Nexus Legion’, em que descreve o que seria o ponto de vista dos pilotos de um esquadrão de Kamikazes japoneses durante o ataque que destruiu parte de Pearl Harbour, durante a 2ª Guerra Mundial.

Clique na capa do disco para ouvir 'The Mask of Anubis'

Como disse Jacques Derrida a respeito da tradução: “quando dizemos Babel, hoje, sabemos o que nomeamos? Sabemos a quem nomeamos?”

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