Desculpem pelo lapso nas postagens do Blog, mas, este segundo semestre está osso para mim...
Deixemos de conversa e vamos lá: estamos assistindo (talvez menos que deveríamos) o desdobramento dos protestos em todo mundo, em torno do filme que foi rodado nos Estados Unidos.
Classificado pela mídia nacional como 'amador', o filme ‘A inocência dos Muçulmanos’ (pelo menos foi como ele se tornou conhecido na mídia) teve um orçamento de 5 milhões de dólares (segundo o NYT), muito superior ao de vários sucessos rodados aqui no Brasil.
Os interesses em torno da produção e da divulgação do filme são extremamente nebulosos, observem que até a fala dos atores era outra, foi dublada na edição. Se os fundos que os permitiram foram apenas provenientes dos Coptas residentes nos Estados Unidos ou de Cristãos Fundamentalistas desse mesmo país, dificilmente saberemos, mas uma coisa é certa, esses grupos foram extremamente eficazes em contornar os serviços secretos estadunidenses e estes serviços, por sua vez, foram incapazes de prever as dimensões dos acontecimentos.
Some-se a isto tudo o problema de que, nos Estados Unidos, talvez por uma questão de sobrevivência de certos preceitos da Guerra Fria, as questões de defesa nacional não conseguem sobrepor-se aos interesses desses grupos, que algumas vezes toscamente organizados, dispõe de capital para tocar suas estratégias - sim, a questão da democracia, perde, e muito. Ligue-se isso às recentes declarações de Mitt Romney acerca do próprio eleitorado estadunidense, as quais rondam a hipocrisia e a desfaçatez mais absoluta, e façam suas próprias conclusões.
O mais interessante é que as coisas se aceleram - vejam abaixo o que deve engrossar o caldo de ressentimento nos países árabes e observem a imagem acima:
Notícia retirada de 'O Globo' 20/09/2012
Metrô de Nova York ganhará anúncio que liga Islã a ‘homem selvagem’
NOVA YORK - Enquanto os violentos, e muitas vezes mortais, protestos consomem grande parte do mundo árabe em resposta ao vídeo anti-Islã produzido nos EUA, os novaiorquinos irão em breve defrontar-se como uma nova polêmica envolvendo o Islã: uma propaganda no sistema de trânsito que terá a frase “Em qualquer guerra entre o homem civilizado e o selvagem, apoie o civilizado”. A mensagem é concluída com as palavras “Apoie Israel, enfrente a jihad”.
Depois de ter rejeitado o anuncio inicialmente e perdido uma ação na Justiça, a Autoridade Metropolitana de Transporte da cidade anunciou na terça-feira que a propaganda deve ser colocada em dez estações de metrô.
- Nossas mãos estão amarradas - disse Aaron Donovan, porta-voz do órgão, quando perguntado sobre a duração do anúncio.
Em julho, o juiz Paul A. Engelmayer, da Corte Distrital Federal em Manhattan, entendeu que a autoridade de transporte havia violado os direitos, assegurados na Primeira Ementa, do grupo que queria divulgar o anúncio, a Iniciativa de Defesa da Liberdade Americana. A autoridade de transporte havia citado a linguagem “degradante” da propaganda na tentativa de barrar sua instalação.
A autoridade, que também recorreu da decisão em julho, pediu que o juiz postergasse a implementação de sua decisão até o encontro da cúpula do órgão, em 27 de setembro. Mas em outra decisão no mês passado, o juiz Engelmayer ordenou que a agência revisasse sua política de publicidade em duas semanas ou que procurasse prolongar o processo em uma corte de apelação. Nenhuma das duas coisas foi feita.
Em Washington, publicação “suspensa”
Agora, a autoridade de transporte de Nova York se vê em uma situação difícil. A Iniciativa de Defesa da Liberdade Americana também comprou espaços em Washington, mas a autoridade de transporte local disse na terça-feira que “suspendeu” a colocação dos anúncios em razão de uma “preocupação com segurança pública por causa dos últimos eventos no mundo”.
Uma opção parecida não está disponível para a autoridade de transporte de Nova York por causa da decisão judicial. De acordo com Donovan, o órgão deve considerar revisar suas políticas de publicidade na reunião da cúpula na próxima semana.
Pamela Gettler, diretora-executiva da Iniciativa de Defesa da Liberdade Americana disse por e-mail na terça-feira que o oficiais de trânsito de Washington estavam “sendo servis à ameaça de terrorismo jihadista”. Ela afirma ainda que os eventos recentes no Oriente Médio não a fizeram hesitar “nem um segundo” sobre a colocação dos anúncios em Nova York.
“Eu nunca vou tremer ante qualquer intimidação violenta, e parar de dizer a verdade porque fazê-lo é perigoso. A liberdade deve ser vigorosamente defendida”, disse. “Se alguém comete uma violência, a responsabilidade é dela e de mais ninguém.”
“Não é islamofobia, é islamorrealismo”, diz outro anúncio
O grupo também fez campanha nas estações da linha de trem Metro-North, com cartazes que citam os “ataques islâmicos mortais” desde o 11 de Setembro e diz: “Não é islamofobia. É islamorrealismo”
A autoridade de transporte diz que não tentou bloquear esses anúncios porque eles não atingiram o limite da agência para linguagem “degradante”, como o anúncio que se referia ao “selvagem”.
Muneer Awad, diretor-executivo da seção de Nova York do Conselho de Relações Americano-Islâmicas, disse que as propagandas eram uma tentativa de “definir os muçulmanos” por meio da linguagem de ódio.
- Nós encorajamos os muçulmanos americanos a se definirem por eles mesmos - disse.
Awad afirmou ainda que o grupo não pediu a remoção dos anúncios, embora tenha solicitado à autoridade de transporte o redirecionamento dos fundos que receber dos anúncios para a Comissão de Direitos Humanos da cidade.
- É perfeitamente legal ser intolerante e ser racista - disse ele. - O que queremos garantir é que podemos ter uma voz contrária.
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